O Portugal que temos...
Segue a cópia de um e-mail enviado a propósito do tão propalado Campeonato Nacional de Língua Portuguesa...
"Exmos. Membros da Comissão Organizadora do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa
Venho por este meio dar-lhes conhecimento de alguns erros presentes no enunciado da prova distribuída com o último Expresso.
O meu apontamento, como de resto, os erros que sublinharei, encalham num problema de concepção do teste.
Assim, é um erro crasso apresentar neste tipo de teste, ditados para corrigir. Porque, tal como espelhado na prova, essa situação levanta óbices inultrapassáveis.
Se não, vejamos o primeiro texto/ditado.
1º- É pedido que se identifiquem os erros.
2º- Na primeira linha está escrito - "Já passava das duas quando aquele grupo de jovens se encontraram(...)"
3º- Na quinta linha está escrito - "- Concerteza que nem se lembraram de me telefonarem!(...)"
Passemos agora ao segundo texto/ditado.
1º- É pedido que se identifiquem os erros.
2º- Na primeira e segunda linhas está escrito - "(...) um ambiente de liberdade de informação afim de exercer o nosso direito de cidadania.(...)"
3º- Na segunda linha está escrito - "Por conseguinte, em todas e quaisqueres(...)"
4º- Na quinta e sexta linhas está escrito - "(...) de uma unanimidade pusilânime e que nos trazeria uma inércia colectiva.(...)"
5º- Na sétima linha está escrito - "(...) eles representam diversas correntes de opinião e devem exprimirem-se com espontaniedade(...)"
Conclusão:
Surgem desde logo erros de construção gramatical aceitável, ou melhor, entendível, se atentarmos na realidade dos níves de literacia e nos maus tratos constantes praticados à Língua Portuguesa.
Só que os erros que detectei são ainda mais graves, já que assumem cariz conceptual e de contrução do teste.
Está escrito que se trata de um ditado.
Ora, eu não quero acreditar que um professor ditaria encontraram, telefonarem, exercer, quaisqueres, trazeria e exprimirem-se. Pelo menos, não inserindo estas palavras no contexto em que aparecem nas frases.
Se de alguns erros se pode argumentar, por exemplo, que a sala onde se realizava o ditado era muito grande, com muitos alunos (alguns com problemas auditivos) e uma péssima acústica, responsabilizando assim, apenas e só, a construção ou uma péssima política de planeamento dos espaços físicos, como no caso de quaisqueres e trazeria; de outros apenas se pode entender o carácter relapso de quem ditou, "infelizmente" o professor, já que do ponto de vista lexical e sonoro, encontraram é muito diferente de encontrou, telefonarem é muito diferente de telefonar, exercer é muito diferente de exercermos e exprimirem-se é muito diferente de exprimir-se.
É que os erros que detectei seriam válidos e bem pensados se no enunciado estivesse escrito que se tratava de uma composição de um aluno, que até posso acreditar, estivesse matriculado no ensino superior. Assim, da forma como estão enquadrados, apenas entendo um ataque fortíssimo a todos os professores e apreciadores da Língua Portuguesa.
Peço-lhes desculpa os reparos que ora vos envio, mas estes não são mais do que anseios não controlados de um leitor confesso do Jornal Expresso."
Sem comentários... ou ainda pior, com comentários a mais.
"Exmos. Membros da Comissão Organizadora do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa
Venho por este meio dar-lhes conhecimento de alguns erros presentes no enunciado da prova distribuída com o último Expresso.
O meu apontamento, como de resto, os erros que sublinharei, encalham num problema de concepção do teste.
Assim, é um erro crasso apresentar neste tipo de teste, ditados para corrigir. Porque, tal como espelhado na prova, essa situação levanta óbices inultrapassáveis.
Se não, vejamos o primeiro texto/ditado.
1º- É pedido que se identifiquem os erros.
2º- Na primeira linha está escrito - "Já passava das duas quando aquele grupo de jovens se encontraram(...)"
3º- Na quinta linha está escrito - "- Concerteza que nem se lembraram de me telefonarem!(...)"
Passemos agora ao segundo texto/ditado.
1º- É pedido que se identifiquem os erros.
2º- Na primeira e segunda linhas está escrito - "(...) um ambiente de liberdade de informação afim de exercer o nosso direito de cidadania.(...)"
3º- Na segunda linha está escrito - "Por conseguinte, em todas e quaisqueres(...)"
4º- Na quinta e sexta linhas está escrito - "(...) de uma unanimidade pusilânime e que nos trazeria uma inércia colectiva.(...)"
5º- Na sétima linha está escrito - "(...) eles representam diversas correntes de opinião e devem exprimirem-se com espontaniedade(...)"
Conclusão:
Surgem desde logo erros de construção gramatical aceitável, ou melhor, entendível, se atentarmos na realidade dos níves de literacia e nos maus tratos constantes praticados à Língua Portuguesa.
Só que os erros que detectei são ainda mais graves, já que assumem cariz conceptual e de contrução do teste.
Está escrito que se trata de um ditado.
Ora, eu não quero acreditar que um professor ditaria encontraram, telefonarem, exercer, quaisqueres, trazeria e exprimirem-se. Pelo menos, não inserindo estas palavras no contexto em que aparecem nas frases.
Se de alguns erros se pode argumentar, por exemplo, que a sala onde se realizava o ditado era muito grande, com muitos alunos (alguns com problemas auditivos) e uma péssima acústica, responsabilizando assim, apenas e só, a construção ou uma péssima política de planeamento dos espaços físicos, como no caso de quaisqueres e trazeria; de outros apenas se pode entender o carácter relapso de quem ditou, "infelizmente" o professor, já que do ponto de vista lexical e sonoro, encontraram é muito diferente de encontrou, telefonarem é muito diferente de telefonar, exercer é muito diferente de exercermos e exprimirem-se é muito diferente de exprimir-se.
É que os erros que detectei seriam válidos e bem pensados se no enunciado estivesse escrito que se tratava de uma composição de um aluno, que até posso acreditar, estivesse matriculado no ensino superior. Assim, da forma como estão enquadrados, apenas entendo um ataque fortíssimo a todos os professores e apreciadores da Língua Portuguesa.
Peço-lhes desculpa os reparos que ora vos envio, mas estes não são mais do que anseios não controlados de um leitor confesso do Jornal Expresso."
Sem comentários... ou ainda pior, com comentários a mais.
